A peça

"Amor por Anexins" é uma comédia de Artur Azevedo, que conta a história de conquista e interesses á partir do desejo de um senhor em casar-se com uma jovem e bela viúva. O autor tinha sincera vocação para a alegria e via na comédia de costumes o melhor caminho para a dramaturgia nacional. Gostava de escrever algo que reproduzisse a verdade e a vida, que possuísse "exposição, catástrofe e desenlace", que divertisse e ao mesmo tempo sensibilizasse. O texto trata com humor questões de interesses no amor,  trazendo um inusitado jogo de linguagem e saberes coletivos dos anexins que são evocados a “toda prova” na construção da história.


O projeto está amparado na comicidade da linguagem proverbial, através da figura do bufão, que aparece para oferecer o riso e a paródia contida em sua própria desgraça, e na relação de amor e ódio dos personagens. Seguindo a trilha hilariante da farsa inocente, explora-se os trocadilhos em contraponto com a seriedade contida nas peças-provérbio que, revisitando esse textual, se completam pelos conceitos e questionamentos no enlace de ideias e diferentes pensamentos, á partir de um objeto artístico que foi escrito e publicado a mais de cem anos, mas que continua sendo um texto leve e sorrateiramente engraçado.

Se tratando de um texto evidentemente popular, propõe-se uma adaptação contemporânea que, ao difundir o falatório diário com a hereditariedade literária, permitirá abranger e servir a um tipo de público que nem sempre está dentro dos teatros, mas que são admiradores da arte.

Foram observados diferentes formas de manifestações populares tradicionais e plausíveis para causar empatia com a plateia como podemos citar: a Commédia Dell’arte (teatro popular improvisado que começou na Itália), o palhaço, os brincantes (cavalo marinho, bumba meu boi, nego fugido, entre outros), o cordel e o repente que são figuras clássicas no cotidiano nordestino.



O Autor

Amor por Anexins, uma farsa escrita pelo dramaturgo e poeta Artur Azevedo por volta dos anos 1870 e 1907, em São Luis do Maranhão que segue a trilha da hilaridade da farsa inocente, que explora o jogo com a sabedoria dos provérbios populares em contraponto com a seriedade contida das peças-provérbio, ao gosto francês que também se faz ao brasileiro. Em suma, peças que fossem facilmente entendidas por um povo que começava a criar gosto pelo teatro e que, conseqüentemente, começava a construir sua própria cultura.
Filho de David Gonçalves de Azevedo, vice-cônsul de Portugal em São Luís, e Emília Amália Pinto de Magalhães, pôde ver, na própria casa, uma dramática história de amor. Sua mãe separou-se de um comerciante, com quem casara a contragosto, para viver com seu pai com quem teve cinco filhos: três meninos e duas meninas. Só puderam se casar após a morte do primeiro marido, vítima de febre amarela.
Aos oito anos, Artur já demonstrava vocação para o teatro, brincando de adaptar textos de autores como Joaquim Manuel de Macedo. Pouco depois, passou a escrever, ele próprio, as peças que representava.
Muito cedo começou a trabalhar no comércio. Depois foi empregado na administração provincial, de onde foi demitido por ter publicado sátiras contra autoridades do governo. Ao mesmo tempo lançava as primeiras comédias nos teatros de São Luís. Aos quinze anos escreveu a peça "Amor por anexins", que obteve grande êxito, com mais de mil representações no século passado.

A princípio, dedicou-se também ao magistério, ensinando português. Mas foi no jornalismo que encontrou espaço para se projetar como um dos maiores escritores e teatrólogos brasileiros. Fundou publicações como "A Gazetinha", "Vida Moderna" e "O Álbum". Colaborou em "A Estação", ao lado de Machado de Assis, e no jornal "Novidades", ao lado de companheiros como Alcindo Guanabara, Moreira Sampaio, Olavo Bilac e Coelho Neto.
Foi um dos grandes defensores da abolição da escravatura, em seus artigos de jornal, em cenas de revistas dramáticas e em peças como "O Liberato" e "A Família Salazar", esta escrita em colaboração com Urbano Duarte, proibida pela censura imperial, e publicada mais tarde com o título de "O escravocrata".


Escreveu mais de quatro mil artigos sobre eventos artísticos, principalmente sobre teatro, nas seções que manteve em "O País" ("A Palestra"), no "Diário de Notícias" ("De Palanque"), em "A Notícia" (o folhetim "O Teatro"). Usava vários pseudônimos: Elói o herói, Gavroche, Petrônio, Cosimo, Juvenal, Dorante, Frivolino, Batista o trocista, entre outros.


A partir de 1879 dirigiu, com Lopes Cardoso, a Revista do Teatro. Por três décadas sustentou a campanha para a construção do Teatro Municipal, cuja inauguração não pôde assistir.
Embora escrevendo contos desde 1871, só em 1889 animou-se a reunir alguns deles no volume Contos possíveis, dedicado pelo autor a Machado de Assis, que então era seu companheiro na secretaria da Viação e um de seus mais severos críticos. Em 1894, publicou o segundo livro de histórias curtas, Contos fora de moda. Mais dois volumes foram publicados após sua morte: Contos cariocas e Vida alheia, reunindo histórias deixadas por Artur Azevedo nos vários jornais em que colaborara.


No conto, mas principalmente no teatro, sua grande paixão, Artur Azevedo explorou o cotidiano da vida fluminense. As relações amorosas, familiares ou de amizade, as cerimônias festivas ou fúnebres, tudo o que podia observar nas ruas ou nas casas. No teatro, continuou a obra de Martins Pena e de França Júnior. Suas comédias traziam hábitos da sociedade, fazendo um documentário bem humorado sobre a evolução da então capital brasileira.
Teve em vida cerca de uma centena de peças de vários gêneros e extensão (e mais trinta traduções e adaptações livres de peças francesas) encenadas em palcos nacionais e portugueses. Ainda hoje tem peças que cativam o público e são encenadas com alguma freqüência, como "A capital federal" e "O mambembe", apenas para citar as principais.

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